Adorámos, especialmente, as palavras que a Alexandra, a Grande, dedicou à sua Avó!
Minha avó, minha amada
Eu e o meu irmão compusemos esta obra em particular por ocasião do sexagésimo aniversário da nossa avó materna. (Isso mesmo, uma avó. Abramos alas aqui no “Mãe Querida” para deixar passar a figura da AVÓ – também querida, obviamente). Esta avó em particular vivia connosco desde sempre. Dormia na nossa cama em algumas noites mais escuras, contava-nos histórias à noitinha, cheia de paciência e às vezes fazia-nos para o almoço, entre gargalhadas, “línguas de perguntador”. Gostávamos tanto dela que lhe dizíamos que era a nossa segunda mãe. (Nunca percebíamos porque se lhe humedeciam os olhos nessas alturas. Pois se era mesmo verdade!) Mas voltemos aos versos. Faziam estes parte de um postal ilustrado por nós, uma folha arrancada a um caderno, dobrada ao meio, com um retrato de nós três a traços de caneta de feltro Molin (aquele cor-de-rosa forte com que pintávamos a cor da pele é um clássico, não é?). Deve ter feito um sucesso estrondoso, merecido elogios e beijos repenicados, porque no aniversário seguinte lhe oferecemos outra versão do postal, quase idêntica! E depois outra, no dia da Mãe, e mais outra no Natal. E ainda outra e outra e outra. Ano após ano repetimos a oferta daquela rima desgraçada, enfeitada a flores, corações, estrelinhas e borboletas. Não há-de ter havido celebração na nossa casa que não fosse assinalada com a “flor encantada”. Que coisa. O que é que eu e o meu irmão tínhamos na cabeça? Custava muito mudar de cantilena de vez em quando? Ou terá sido acidental? Sofreríamos os dois de uma espécie particular de amnésia que nos fazia encarar cada postal como se fosse o primeiro?
Adorava ter estas respostas, mas a verdade é que não faço a mais pequena ideia. Tenho de confessar que nem sequer me lembrava de nada disto até há duas semanas atrás, quando encontrei a “colecção”. Uma boa dezena destes postalecos enfiados numa caixa velha, com medalhinhas de santos e colares de contas rebentados. Ri até me doer a barriga. Como não? Os desenhos a ficarem gradualmente melhores, mais perfeitos de postal para postal, tudo bem datado para atestar a passagem do tempo, e o raio do verso sempre o mesmo. Foi aí que do riso passei às lágrimas. Ela tinha-os guardado a todos. As provas do nosso constante (e renovado!) amor por ela. A nossa mãe, a nossa amada, a nossa flor: a nossa AVÓ.
Agora… não se deixem enganar por este tom nostálgico: ainda temos avó! O mês passado celebrámos o seu nonagésimo aniversário. Não houve poemas, nem estrelinhas, nem borboletas, mas flores sim – não sei se encantadas, mas que a encantaram. Bebeu um copinho de vinho do Porto com o bolo de aniversário e brindou a mais um ano. Três décadas depois do primeiro postal, esta mãe, avó, e agora bisavó, continua a ser a amada de todos nós. Com as pétalas um tanto murchas, pode não ser já muito fácil achá-la parecida com uma flor, mas querem saber? É mesmo um encanto de avó.
Gostei muito, muito! A Alexandra, a Grande, é mesmo grande de sentimentos!
ResponderEliminarTambém gostámos muito, muito!
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