domingo, 5 de março de 2017

Avós dos outros

A Rafaela partilhou connosco uma música do Samuel Úria, dedicada ao seu avô:


A música, em particular, a letra é tão bonita:

Um coração hospitaleiro
Deve ser aberto
E a grande cicatriz no peito
É de homem inteiro.
Teve na boca a Palavra,
Nas mãos calçadeira,
Que andar junto aos pés do homem é coisa cimeira.

Foi assim Armelim.
Ainda que estranho, era o nome de um homem honrado.
Armelim não tem fim
Que há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado.

Severo quando ser severo
É ser-se acertado.
Tão recto que um fio de prumo 
fica embaraçado.
Deu aos seus braços a forma de quem abriga;
Deu o seu lugar a todos menos à fadiga.
Vestiu os pés de toda a vila,
Mas vestiu também o chão
Com essas grandes pegadas do seu coração. 

Foi assim Armelim.
Ainda que estranho, era o nome de um homem honrado.
Armelim não teve fim
Que há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado.

Só tinha um sobrenome mas bem o dizia
Quando alguém lhe perguntava a quem ele servia.
Chegou-me esse nome por sangue materno,
Mas também pela opção
De ir pelas mesmas pegadas que aquele coração.

2 comentários:

  1. É assim que uma pessoa sai em lágrimas de um concerto... e com vontade de escrever uma, duas, mil músicas.

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